quarta-feira, 8 de julho de 2015

Por que se guarda o domingo II


Mas existe outro texto que também tem sido citado pelos que dizem guardar o domingo. Vejamos. Achei-me em espírito, no dia do Senhor, e ouvi, por detrás de mim, grande voz, como de trombeta,..” (Apocalipse. 1:10).
Os dominguistas acreditam que ao Jesus ressuscitar no domingo, isso o tornou dia do Senhor, ou seja, dia de repouso.
Se formos tomarmos o dia da ressurreição como dia do Senhor, então deveríamos considerar outros dias em aconteceram coisas importantes tanto quanto a ressurreição, como o dia do seu nascimento, o dia da sua morte etc.. . Saibam que não haveria ressurreição se Jesus não tivesse nascido, também não haveria ressurreição se ele não tivesse morrido. Qual desse dias é mais importante?
O professor e teólogo Cristianini afirma: “Primeiramente o arrebatamento nada prova (aliás a nova versão bíblica diz "Achei-me em espírito," indicando apenas que o apóstolo teve as visões) em favor da guarda do dia. João teve outras visões e, com relação a estas, não se menciona o dia em que ocorreram. A segunda visão se deu em dia não especificado (Apoc. 4:2), e a fato de um profeta ter visão em determinado dia, não significa que tal dia deva ser guardado. A santidade de um dia repousa em base mais sólida, fundamenta-se num claro e insofismável "'assim diz a Senhor.
A afirmação de que "dia do Senhor" nessa passagem se refira indiscutivelmente ao primeiro dia da semana é baseada em presunção sem nenhum valor probatório. O fato de em fins do segundo século da era cristã surgirem escritos aludindo ao primeiro dia da semana como sendo "dia do Senhor", não autoriza a dogmatizar que João também se referia ao domingo. Antes do ano 180 A. D., quando surgiu um falso Evangelho Segundo S. Pedro que afirmava ser o primeiro dia da semana o "dia do Senhor," nada, absolutamente nada se pode invocar para dizer que João se referia ao domingo. O próprio Justino Mártir que alude a um costume que se implantava entre os cristãos, de se reunirem no primeiro dia da semana, ao dia refere como "o dia do Sol" e não como "dia do Senhor". A partir daqueles tempos, o título "dia do Senhor" aparece profusamente na literatura patrística. Mas é preciso provar que João tinha em mente o primeiro dia da semana quando escreveu "dia do Senhor".
Autoridades evangélicas afirmavam que João escreveu seu evangelho depois do Apocalipse, situando-o entre 96 a 99 A. D.: Albert Barnes, em suas Notas Sobre os Evangelhos, John Beatty Howell em sua tabela de datas, W. W. W. Rand, em seu Dicionário Bíblico, e comentaristas Bloomfield, Dr. Rales, Horne, Nevinse Olshausen, Williston Walker e muitos outros. Isso é importante, pois se João, no Apocalipse, escrito antes, se refere ao domingo como "dia do Senhor", como então no seu evangelho, escrito posteriormente, volta a referir-se simplesmente ao "primeiro dia da semana"? (S. João 20:1 e 19).
Temos fundadas razões para crer que S. João se referia ao sábado. Porque, consoante a Bíblia, o único "dia do Senhor" que nela se menciona é o sábado. Leia-se cuidadosamente Isaías 58:13: "santo dia do Senhor". O mandamento (Êxo. 20:10) diz: "O sétimo dia é o sábado do Senhor". Em S. Mar. 2:28 lemos: "O Filho do homem é Senhor até do sábado." E a Revista de Jovens e Adultos para a Escola Dominical, editada pela Convenção Batista Brasileira, relativa ao 4.º trimestre de 1938, pág. 15, assim comenta este versículo:
"... o Filho do homem é Senhor do sábado (S. Marcos 2:28); isto é... o sábado é o 'dia do Senhor,' o dia em que Ele é Senhor e pelo Seu senhorio Ele restaura o Seu dia ao seu verdadeiro desígnio."
O discípulo amado conhecia muito bem as palavras do Decálogo (Êxo. 20:10) bem como as de Isaías (Isa. 58:13). À vista disso, não precisamos ter dúvida quanto ao dia a que ele quis referir-se quando no Apocalipse escreveu: "fui arrebatado em espírito no dia do Senhor."
Se posteriormente, com a fermentação da apostasia na igreja primitiva, é que o domingo foi tomando corpo, e a designação "dia da Senhor" lhe foi adjudicada.”  (Arnaldo Cristianini – Subtilezas do erro, pág. 215). Então caro leitor! Pelo que vimos o dia do Senhor mencionado no apocalipse é o sábado.
É bom entender que se a igreja primitiva guardava o domingo como muitos crêem, então Jesus deve ter mudado o dia de guarda do sábado para o domingo, você concorda? Isso nos leva a acreditar que em algum lugar do novo testamento está escrito que Jesus mudou o dia de guarda do sábado para o domingo.
É interessante saber que existe uma igreja evangélica que dá um milhão de dólares para quem mostrar um texto na Bíblia que diga que Jesus mudou o sábado para o domingo. Ela vai mais longe ainda, ela dá esse milhão de dólares para quem mostrar a palavra domingo nas escrituras sagradas. Saiba que até aqui não apareceu ninguém para pegar essa dinheirama.
Se não há aprovação bíblica para a guarda do domingo, como foi que surgiu então essa tal prática? Se a guarda do domingo não a é de origem cristã e nem tem apoio bíblico qual é a origem dele?
Como já foi estudado em lições anteriores, no ano 300 dc, o imperador Constantino se “converteu” ao cristianismo, mas tudo foi uma manobra política. Ele sabia que com o crescimento do cristianismo, continuar sendo inimigo dos cristãos seria uma perda. Ele então tornou-se cristão. Mas ele não aceitou todos os princípios pregados pelo rebanho de cristo, dentre esses estava o quarto mandamento. Foi aí que ele fez o seguinte decreto:
"Que todos os juízes, e todos os habitantes da Cidade, e todos os mercadores e artífices descansem no venerável dia do Sol. Não obstante, atendam os lavradores com plena liberdade ao cultivo dos campos; visto acontecer a miúdo que nenhum outro dia é tão adequado à semeadura do grão ou ao plantio da vinha; daí o não se dever deixar passar o tempo favorável concedido pelo céu." – Codex Justinianus, lib. 13, it. 12, par. 2 (3). O dia do sol era o primeiro dia da semana, ou seja, o domingo.
"O imperador Constantino, antes de sua conversão, reverenciava todos os deuses (pagãos) como tendo poderes misteriosos, especialmente Apolo, o deus do Sol, ao qual, no ano 308, ele [Constantino] conferiu dádivas riquíssimas; e quando se tornou monoteísta o deus ao qual adorava era – segundo nos informa UHLHORN – antes o "Sol INCONQUISTÁVEL" e não o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. E na verdade quando ele impôs a observância do dia do Senhor (domingo) não o fez sob o nome de sabbatum  ou Dies Domini, mas sob o título antigo, astrológico e pagão de Dies Solis, DE MODO QUE A LEI ERA APLICÁVEL TANTO AOS ADORADORES DE APOLO E MITRA COMO AOS CRISTÃOS." (Versais nossos.) – Dr. Talbot W. Chamber, Old Testament Student, janeiro de 1886.
Dizem os defensores da guarda do domingo que o primeiro dia da semana já era observado desde o surgimento da igreja primitiva. Mas a história geral nos mostra o contrário.
"O mais antigo reconhecimento da observância do domingo, como um dever legal, é uma constituição de Constantino em 321 A.D., decretando que todos os tribunais de justiça, habitantes das cidades e oficinas deviam repousar no domingo (venerabili die Solis), com uma exceção em favor dos que se ocupavam do trabalho agrícola." –Enciclopédia Britânica, art. "Sunday".
"Constantino, o Grande, baixou uma lei para todo o império (321 A. D.) para que o domingo fosse guardado como dia de repouso em todas as cidades e vilas; mas permitia que o povo do campo seguisse seu trabalho." – Enciclopédia Americana, art. "Sabbath".
"Os cristãos trocaram o sábado pelo domingo. Constantino, em 321, determinou a observância rigorosa do descanso dominical, exceto para os trabalhos agrícolas... Em 425 proibiram-se as representações teatrais [nesse dia] e no século VIII aplicaram-se ao domingo todas as proibições do sábado judaico." – Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, art. "Domingo".
O grande e abalizado historiador cardeal Gibbon, com sua incontestada autoridade assevera o seguinte: "O Sol era festejado universalmente como o invencível guia e protetor de Constantino....
"Constantino averbou de Dies Solis (dia do Sol) o 'dia do Senhor' – um nome que não podia ofender os ouvidos de seus súditos pagãos." – The History of the Decline and Fall of the Roman Empire, cap. 20 §§ 2°., 3°. (Vol. II, págs. 429 e 430).
Se o domingo já era guardado pelos cristãos desde o surgimento da igreja primitiva, então não haveria necessidade de um imperador pagão baixar um decreto ordenando guardar um dia em homenagem a um deus pagão.
"A conservação do antigo nome pagão de "Dies Solis" ou "Sunday" (dia do Sol) para a festa semanal cristã é, em grande parte, devido à união dos sentimentos pagão e cristão, pelo qual foi o primeiro dia da semana imposto por Constantino aos seus súditos – tanto pagãos como cristãos – como o "venerável dia do Sol"... Foi com esta maneira habilidosa que conseguia harmonizar as religiões discordantes do império, unindo-as sob uma instituição comum." Deão Stanley, Lectures on the History on thc Eastern Church, conferência n°. 6, pág. 184.
O professor Cristianini faz uso das palavras do conceituado erudito bispo Arthur Cleveland Coxe quando comenta:
"Foi uma conversão política, e como tal foi aceita, e Constantino foi um pagão até quase ao morrer. E quanto ao seu arrependimento final, abstenho-me de julgar." – Elucidation 2, of "Tertullian Against Marcion", book 4.
O escritor citado anteriormente faz uso também de uma testemunha chamada Eusébio bem conhecida no cristianismo:
"Ele [Constantino] impôs a todos os súditos do império romano a observância do dia do Senhor (domingo) COMO UM DIA DE REPOUSO, e também para que fosse honrado o dia que se segue ao sábado." – Life of Constantine, Book 4, chap. 18. Destaques nossos.
É interessante saber que o domingo não substituiu o sábado de uma hora para outra. Esse processo se deu de forma gradativa. Para confirmar esta assertiva o professor Arnaldo Cristianni também faz uso de uma fonte evangélica muito interessante onde diz:
"Quando os antigos pais da igreja falam do dia do Senhor, às vezes, talvez por comparação, eles o ligam ao sábado; porém jamais encontramos, anterior à conversão de Constantino, uma citação proibitória de qualquer trabalho ou ocupação no mencionado dia, e se houve alguma, em grande medida se tratava de coisas sem importância... Depois de Constantino as coisas modificaram-se repentinamente. Entre os cristãos, o "dia do Senhor" – o primeiro da semana – gradualmente tomou o lugar do sábado judaico."Smith's Dictionary of the Bible, pág. 593.
Depois de algum tempo após o decreto de Constantino o dia de guarda dos cristãos e pagãos passou ser o mesmo.
"O dia era o mesmo de seus vizinhos pagãos e compatriotas; e o patriotismo de boa vontade uniu-se à conveniência de fazer desse dia, de uma vez, o dia do Senhor deles e seu dia de repouso... Se a autoridade da igreja deve ser passada por alto pelos protestantes, não vem ao caso; parque a oportunidade e a conveniência de ambos os lados constituem seguramente um argumento bastante forte para uma mudança cerimonial, como do simples dia da semana para observância do repouso e santa convocação do sábado judaico." North British Review, Vol. 18, pág. 409
O professor Lourenço Gonzalez faz uso de alguns livros católicos que creio ser de muita utilidade nesse estudo. Vejamo-nos.
“Nós, católicos romanos, guardamos o domingo, em lembrança da ressurreição de Cristo, e por ordem do chefe de nossa igreja, que preceituou tal ordem de o Sábado ser do Antigo Testamento, e não obrigar mais no Novo Testamento.” – Pe. Júlio Maria, em Ataques Protestantes, p. 81.
“Foi a Igreja Católica que, por autoridade de Jesus Cristo, transferiu esse descanso para o domingo, em memória da ressurreição de nosso Senhor: de modo que a observância do domingo pelos protestantes é uma homenagem que prestam, independentemente de sua vontade, à autoridade da Igreja.” – Monitor Paroquial de 26 de Agosto de 1926, Socorro, SP. Grifos meus.
“A Igreja Católica, por sua própria infalível autoridade, criou o domingo como dia santificado para substituir o Sábado, da velha lei.” – Kansas City Catholic, 9 de Fevereiro de 1893.
“A Igreja Católica... em virtude de sua divina missão, mudou o dia de Sábado para o domingo.” Catholic Mirror (espelho católico), órgão oficial do Cardeal Gibbons, de 23 de Setembro de 1893, grifos meus.
O domingo é uma instituição católica, e sua observância só pode ser definida por princípios católicos. Do princípio ao fim das Escrituras não é possível encontrar uma única passagem que autorize a mudança do culto público semanal, do último para o primeiro dia da semana.” – Catholic Press, Sidney, Austrália. 25 de Agosto de 1900 – grifos meus.
“Observamos o domingo em vez do Sábado, porque a Igreja Católica no Concílio de Laodicéia (364 a.D.) transferiu a solenidade do Sábado para o domingo.” – The Convert’s Catechism of Catholic Doctrine, Rev. Peter Geierman, C.S.S.R.) pág. 50 – terceira edição, 1913, obra que recebeu a bênção apostólica do Papa Pio X, em 25 de Janeiro de 1910, grifos meus.
“Podereis ler a Bíblia de Gênesis ao Apocalipse e não encontrareis uma única linha que autorize a santificação do domingo. As Escrituras ordenam a observância religiosa do Sábado, dia que nós nunca santificamos.” – Cardeal Gibbons em The Faith of Ours Fathers, edição de 1892.
“A Bíblia manda santificar o Sábado, não o domingo; Jesus e os apóstolos guardaram o Sábado. Foi a tradição católica que, honrando a ressurreição do Redentor, ocorrida no domingo, aboliu a observância do Sábado.” – O Biblismo, pág. 106, Padre Dubois – Belém.
A pergunta é: a igreja mãe, ou seja, a igreja católica tem o poder de mudar o dia de descanso do sábado para o domingo?
“Não tivesse ela (Igreja Católica) esse poder, e não poderia haver feito aquilo em que concordam todos os religionistas modernos – não poderia haver substituído a observância do Sábado do sétimo dia, pela do domingo, o primeiro dia, mudança para a qual não há autoridade escriturística.” – Um Catecismo Doutrinal, Rev. Stephan, pág. 174, grifos meus.
Muitos pastores ficam discutindo a questão da guarda do domingo na Bíblia, agem como idiotas os que fazem isso, pois a questão citada não é teológica e sim histórica. Não é na Bíblia que se encontrará a resposta precisa para a questão e sim na história. Como já foi visto, de acordo com a história o domingo foi determinado como dia de guarda por um imperador romano em acordo com a igreja mãe.
Para entender o assunto, bastará estudar a história universal e será tudo entendido.
Creio que deu para entender caro leitor, que a guarda do domingo tem origem pagã. Não foi ordenada por Jesus e nem endossada por seus discípulos. Foi um líder pagão que introduziu esse costume no meio cristão quando a igreja e o Estado romano estavam de mãos dadas.
Mas saiba que Deus continua sendo o mesmo e a sua palavra também. Disse Jesus: “Passarão os céus e a terra, mas as minhas palavras não hão de passar.”

Referências

GONZALEZ, Lourenço. Assim diz o Senhor. ADOS, Rio de Janeiro, RJ, 2010.
CRISTIANINI, Arnaldo. Subtilezas do erro. CPB, Santo André, SP, 1986.




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