quarta-feira, 8 de julho de 2015

O dom de línguas



DEFININDO OS DONS E TALENTOS

De acordo com o dicionário de língua portuguesa, dom é uma qualidade que trazemos desde o ventre materno. Existe até um provérbio popular que reza: “O poeta nasce, mas o orador se faz.” Isto nos leva a entender que não existe o dom da oratória, pois ela se aprende. A essa habilidade a Bíblia chama de talento. (Mateus 25:15). É claro que existem situações em que a habilidade e o dom se combinam.
Mas ao se tratar de coisas espirituais, existem os dons natos que podem ser transformados em ministérios, e existem aqueles que são concedidos exclusivamente pelo Espírito Santo, que também devem ser transformados em ministérios. Os dons concedidos pelo Espírito Santo são chamados de dons espirituais.
Para Deus tanto o dom quanto a habilidade tem valor algum se não for transformados em ministérios.
Um dom ou talento (habilidades) são transformados em ministérios no momento que o seu possuidor o coloca exclusivamente a disposição da obra de Deus.
Não há dúvidas de que existem dons de mais aplicação que outros, mas isso não os tornam inferiores ou superiores a outros dons e nem aos possuidores desses também.
Comparando o dom de línguas com o dom de profetizar, o apóstolo Paulo considera o de profetizar superior, ou seja, de maior aplicação ao de línguas e aconselha que se dê preferência a esse dom. diz ele: “Segui o amor e procurai, com zelo, os dons espirituais, mas principalmente que profetizeis. Pois quem fala em outra língua não fala a homens, senão a Deus, visto que ninguém o entende, e em espírito fala mistérios” (I Coríntios 14:1, 2).
É importante entender que os dons espirituais não são concedidos para satisfação de nossos gostos ou caprichos. Não somos nós que os escolhemos, mas Deus quem nos concede como melhor lhe prouver. “Mas um só e o mesmo Espírito realiza todas estas coisas, distribuindo-as, como lhe apraz, a cada um, individualmente” (I Coríntios 12:11).
Importa saber que nem todos têm o mesmo dom, isso inclui o dom de falar em línguas. Vejamos o que diz a Bíblia a esse respeito: “Porventura, são todos apóstolos? Ou, todos profetas? São todos mestres? Ou, operadores de milagres? Têm todos dons de curar? Falam todos em outras línguas? Interpretam-nas todos? Entretanto, procurai, com zelo, os melhores dons. E eu passo a mostrar-vos ainda um caminho sobremodo excelente” (I Coríntios 12: 29 - 31). O texto mostra que nem todos os que foram batizados com o Espírito Santo no pentecostes receberam o mesmo dom, isso inclui o dom de línguas. Mas há uma única exceção, que é para o dom supremo (amor), sem o qual ninguém será salvo.
Com respeito aos dons, inclusive o de línguas, eles são concedidos visando a um fim proveitoso. Diz o apóstolo: “A manifestação do Espírito é concedida a cada um visando a um fim proveitoso. Porque a um é dada, mediante o Espírito, a palavra da sabedoria; e a outro, segundo o mesmo Espírito, a palavra do conhecimento; a outro, no mesmo Espírito, a fé; e a outro, no mesmo Espírito, dons de curar; a outro, operações de milagres; a outro, profecia; a outro, discernimento de espíritos; a um, variedade de línguas; e a outro, capacidade para interpretá-las. Mas um só e o mesmo Espírito realiza todas estas coisas, distribuindo-as, como lhe apraz, a cada um, individualmente” (I Coríntios 12:7-11).
Como pode-se observar, Deus através de seu Espírito concede variados dons, mas todos tem utilidade.

O TIPO DE LÍNGUAS FALADAS NO PENTECOSTES

Vejamos o que diz a palavra de Deus: “Todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que falassem. Ora, estavam habitando em Jerusalém judeus, homens piedosos, vindos de todas as nações debaixo do céu. Quando, pois, se fez ouvir aquela voz, afluiu a multidão, que se possuiu de perplexidade, porquanto cada um os ouvia falar na sua própria língua. Estavam, pois, atônitos e se admiravam, dizendo: Vede! Não são, porventura, galileus todos esses que aí estão falando? E como os ouvimos falar, cada um em nossa própria língua materna?” (Atos 2:4-8).
Observe no começo do texto quando o escritor afirma que, os discípulos falaram em outras línguas e não em línguas estranhas. Significa que não falaram em apenas uma língua, mas em várias. Essas línguas, como diz o autor de Atos, eram línguas maternas e sendo maternas, eram entendidas por pessoas de outras nacionalidades.
Quero fazer minhas as palavras do meu amigo escritor Lourenço Gonzalez ao comentar o assunto:
“Graças a Deus, foi resolvido o problema; os discípulos falaram OUTRAS LÍNGUAS, não línguas estranhas. Falaram a língua dos cretenses, árabes, romanos, egípcios, líbios, enfim, os idiomas daqueles que foram a Jerusalém, procedentes de todas as nações da Terra. Se lá estivessem brasileiros, certamente o Espírito Santo concederia o dom de se falar o português.
A preocupação de Lucas ao fazer lista tão extensa dos países (16) presentes em Jerusalém, deixa antever claramente tratar-se de idiomas existentes, isto é, línguas estrangeiras.
Quero que você entenda, meu irmão, que o termo “língua estranha” é estranho aos propósitos de Deus, porque, na verdade, os discípulos falaram línguas que não eram estranhas (esquisitas); eram línguas desconhecidas para eles, porém, existiam, e passaram, pelo poder de Deus, agora, a falá-las fluentemente. Reafirmo-lhe: Eram as línguas dos estrangeiros que afluíam para Jerusalém a fim de participar da festa de Pentecostes, e estes mesmos se maravilharam de que aqueles discípulos, embora indoutos, falassem em suas próprias línguas, das grandezas de Deus (Atos 2: 11). Que grande bênção Deus conferiu aos discípulos, capacitando-os a cumprir o IDE.
Quando aqueles forasteiros voltaram para suas nações, cada um levou, maravilhado, a mensagem do Jesus que salva e liberta do pecado; e então foram mensageiros aos seus conterrâneos, dando testemunho vivo a favor do evangelho de Cristo. Aleluia! Glória a Deus!”(Lourenço Gonzalez­­ - Assim diz o Senhor pág. 186,187).
O dom de línguas não ficou limitado a aquela circunstancia, pois em outros momentos outras pessoas devido à necessidade, receberam o mesmo dom que os discípulos no pentecostes. Aconteceu em Cesareia, na casa de Cornélio. “Ainda Pedro falava estas coisas quando caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra. E os fiéis que eram da circuncisão, que vieram com Pedro, admiraram-se, porque também sobre os gentios foi derramado o dom do Espírito Santo; pois os ouviam falando em línguas e engrandecendo a Deus. Então, perguntou Pedro: Porventura, pode alguém recusar a água, para que não sejam batizados estes que, assim como nós, receberam o Espírito Santo? E ordenou que fossem batizados em nome de Jesus Cristo. Então, lhe pediram que permanecesse com eles por alguns dias” (Atos 10:44 - 48). A família de Cornélio recebeu o Espírito Santo assim como os discípulos no pentecostes. Ao receber o dom de variedades de línguas, eles falaram em línguas de homens assim como os apóstolos.
 Como se pode observar, a família de Cornélio recebeu o Espírito Santo antes de batismo nas águas, e a eles foi concedido também o dom de falar em outras línguas, ou seja, nas línguas das nações vizinhas. O que facilitaria a pregação do evangelho por ali pelos arredores.
Há algo muito importante que deve ser mencionado. Sabe-se que aqueles irmãos receberam o Espírito Santo, mas não há como provar que eles foram batizados com o Mesmo. Fique entendido que para receber qualquer dom espiritual não se faz necessário ser batizado com o Espírito Santo. Basta ter recebido o Dom do Espírito, ou seja, a bênção desse Poder.
Mesmo que os fieis da circuncisão tenha falado que os gentios tenham recebido o Espírito assim como eles, não significa que foi na mesma intensidade.
Outra situação conhecida em que se repetiu o dom de línguas foi em Éfeso. Como está escrito: “Aconteceu que, estando Apolo em Corinto, Paulo, tendo passado pelas regiões mais altas, chegou a Éfeso e, achando ali alguns discípulos, perguntou-lhes: Recebestes, porventura, o Espírito Santo quando crestes? Ao que lhe responderam: Pelo contrário, nem mesmo ouvimos que existe o Espírito Santo. Então, Paulo perguntou: Em que, pois, fostes batizados? Responderam: No batismo de João. Disse-lhes Paulo: João realizou batismo de arrependimento, dizendo ao povo que cresse naquele que vinha depois dele, a saber, em Jesus. Eles, tendo ouvido isto, foram batizados em o nome do Senhor Jesus. E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e tanto falavam em línguas como profetizavam” (Atos 19:1-6). Apolo e os demais que receberam o Espírito Santo eram pregadores. Nessa experiência eles receberam dois dons: o de profecia e o de línguas. Agora eles estavam uma vez por todas, prontos para disseminar a palavra entre os gentios que possuíam uma variedade de idiomas e dialetos.
Entenda que no pentecostes, Cesareia e Éfeso, os que receberam o dom de línguas falaram línguas de homens, não línguas intangíveis ou de anjos como muitos podem pensar.
Tudo isso foi cumprimento de uma profecia de Jesus quando disse: “Estes sinais hão de acompanhar aqueles que crêem: em meu nome, expelirão demônios; falarão novas línguas;..” (Marcos 16:17). Falarão novas línguas, mas não línguas desconhecidas pela humanidade.
“O adjetivo "novas" não quer dizer línguas inexistentes, como defendem alguns, mas línguas estrangeiras que eles falariam sem as terem aprendido.
É interessante saber que há em grego duas palavras para novo – néos e kainós. Néos é novo no sentido de tempo, recente e kainós é novo na forma ou qualidade. Cristo aqui usou kainós porque se referia ao novo não usado. [Ver Novo em Grego e Novo em Português, p. 286]
Roberto Gromacki no livro “Movimento Moderno de Línguas, página 72 afirma: "Se o falar línguas tivesse envolvido línguas desconhecidas nunca antes faladas, então Cristo teria usado néos (novo em referência ao tempo). Mas, visto que ele empregou kainós, tem que se referir a línguas estrangeiras, que eram novas àquele que as falasse, porém, que já existiam antes".
Eram idiomas novos para aqueles que os falariam. A denominação de novas indicava o contraste com as línguas por eles faladas” (Pedro Apolinário – Textos difíceis de interpretação pág. 321). As novas línguas mencionadas por Marcos foram às línguas faladas pelos discípulos e outros que por necessidade também receberam o dom.

PESSOAS QUE RECEBERAM O ESPÍRITO SANTO, MAS NÃO FALARAM EM LÍNGUAS

Na Igreja Apostólica há muitas evidências da manifestação do Espírito Santo na vida e na obra dos crentes sem o aparecimento do dom de 1ínguas.
Os seguintes exemplos são concludentes:
1º) Os sete diáconos foram homens cheios do Espírito Santo, mas não há nenhuma menção de que tivessem falado línguas.
2º) Os samaritanos ao crerem na Palavra de Deus receberam o Espírito Santo, porém, não foram agraciados com o dom de línguas.
3°) João Batista pregou com poder, mas não falou em línguas. “Pois ele será grande diante do Senhor, não beberá vinho nem bebida forte e será cheio do Espírito Santo, já do ventre materno” (Lucas 1:15).
4°) Maria cumpriu um propósito especial e cantou, mas não falou em línguas. “Respondeu-lhe o anjo: Descerá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso, também o ente santo que há de nascer será chamado Filho de Deus” (Lucas 1:35).
5º) Isabel recebeu uma revelação divina, mas não falou em línguas. “Ouvindo esta a saudação de Maria, a criança lhe estremeceu no ventre; então, Isabel ficou possuída do Espírito Santo” (Lucas 1;41).
6º) Zacarias quando ficou cheio do Espírito Santo, profetizou, mas não falou em línguas, pois não houve necessidade. “Zacarias, seu pai, cheio do Espírito Santo, profetizou, dizendo: Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e redimiu o seu povo, ..” (Lucas 1:67,68).
 7°) Simeão pelo Espírito Santo recebeu uma revelação, sem falar em línguas. “Havia em Jerusalém um homem chamado Simeão; homem este justo e piedoso que esperava a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava sobre ele. Revelara-lhe o Espírito Santo que não passaria pela morte antes de ver o Cristo do Senhor”. (Lucas 2:25, 26).

O DOM DE LÍNGUAS NA IGREJA DE CORINTO
Nos capítulos 12 e 14 de I Coríntios encontramos uma situação que tem deixado muitos crentes fieis sem uma compreensão real dos dons espirituais, principalmente o dom de línguas.
Em primeiro lugar devemos observar que a igreja de Corinto era a igreja problema número um nos dias de Paulo. Vejamos algumas situações:
1º) No capítulo três o apóstolo os adverte com respeito as dissensões entre irmãos.
2º No capítulo cinco o apóstolo repreende a imoralidade que existia na tal igreja.
3º) No capítulo seis ele censura as brigas entre irmãos.
4º) Ainda no capítulo seis Paulo a sensualidade vivida na igreja.
5º) No capítulo sete o servo de Deus dá advertência com respeito a forma como eles encaravam o casamento.
6º) No capítulo oito Paulo faz advertências referente as carnes sacrificadas aos ídolos.
7º) No capítulo dez Paulo adverte com respeito a idolatria.
8º) Nos capítulos doze a quatorze ele adverte com respeito ao “dom de línguas”.
Corinto era uma igreja pequena. Dizem os eruditos que ela deveria ter aproximadamente cinqüenta membros. Agora imaginem uma igreja daquele tamanho com a gama de problemas que acabamos de mencionar. Será que aquela igreja naquele momento estava sendo usada pelo Espírito Santo? Creio que não.
O apóstolo Paulo em certo momento dá a entender que ele não sabia o que realmente estava acontecendo na igreja de Corinto. Mas pelas palavras dele dá para perceber que existia uma deturpação do dom divino (dom de línguas).
Como se tratava de uma cidade portuária e comercial, aonde pessoas de várias nacionalidades iam para lá. Era comum encontrar nas ruas pessoas que falassem línguas diferentes das nativas da cidade. Pelo que se pode ver entre linhas; que os crentes poliglotas procuravam na igreja imitar o dom divino falando em outras línguas. Eles falavam em outras línguas sem a menor necessidade.
Por causa disso o apóstolo os advertiu a falar somente quando houvesse quem interpretasse. Ele não condenou o uso de línguas, mas advertiu que só fosse usada de forma ordenada e quando houvesse interprete. A esse respeito disse ele: “No caso de alguém falar em outra língua, que não sejam mais do que dois ou quando muito três, e isto sucessivamente, e haja quem interprete” (I Coríntios 14: 27).
Ele também disse que falar em uma língua intangível seria de nenhum valor. “Assim, vós, se, com a língua, não disserdes palavra compreensível, como se entenderá o que dizeis? Porque estareis como se falásseis ao ar” (I Coríntios 14:9).
Observe que em momento algum se refere a uma língua diferente à das línguas falada pelos homens. Ao contrário ele sempre se refere a outras línguas, ou seja, línguas faladas por outras pessoas.
Paulo diz que, quem fala outra língua sem que haja quem interprete, fala mistérios, pois só ele e Deus entendem. “Pois quem fala em outra língua não fala a homens, senão a Deus, visto que ninguém o entende, e em espírito fala mistérios” (I coríntios 14:2).
Ele também disse que falava em línguas assim como eles e dava graças a Deus por isso, mas preferia falar de uma forma que pudesse edificar que ouvisse. “Dou graças a Deus, porque falo em outras línguas mais do que todos vós. Contudo, prefiro falar na igreja cinco palavras com o meu entendimento, para instruir outros, a falar dez mil palavras em outra língua” (I Coríntios 14:18,19).
Mas Paulo afirma que os crentes não estavam falando em línguas porque tivesse o dom, mas simplesmente porque queriam o mesmo. Ele elogia a iniciativa dos crente, mas adverte a procurar adquirir o dom da forma correta, ou seja, para a edificação espiritual. “Assim, também vós, visto que desejais dons espirituais, procurai progredir, para a edificação da igreja” (I Coríntios 14:12).
 Ele também critica a maneira como as línguas estavam sendo usada e se preocupa com os resultados que poderiam trazer aos visitantes. “Se, pois, toda a igreja se reunir no mesmo lugar, e todos se puserem a falar em outras línguas, no caso de entrarem indoutos ou incrédulos, não dirão, porventura, que estais loucos?” (I Coríntios 14:23).
“Nestes capítulos não há o relato descritivo do dom de línguas. O pastor batista João F. Soren, no artigo "O Dom de Línguas à Luz do Novo Testamento" declara enfaticamente: "Não há evidência segura de que tenha havido em Corinto, à luz da exposição do Apóstolo Paulo em 1 Cor. 12, 14, a manifestação do dom carismático de línguas, ou seja a capacitação concedida pelo Espírito Santo para que os crentes ali falassem idiomas que nunca estudaram ou aprenderam normalmente, à maneira do que se verificou no dia de Pentecostes. . . “
“"Os coríntios competiam em torneios poliglóticos na igreja, falando publicamente em idiomas estrangeiros ou então tartamudeando em êxtase nervosa, para impressionar os ouvintes. Não tinham eles o dom carismático de línguas. Isso era algo muito diferente do que ocorrera no Pentecostes. Ao invés de darem um sinal convincente do poder do evangelho para a salvação de todo aquele que crê, o sinal que davam eles para os incrédulos era outro. A confusão, a balbúrdia era tal que, para os incrédulos, a casa de Deus mais dava a impressão de ser uma casa de dementes. I Cor. 14:23."”
“Estudiosos competentes das Escrituras têm chegado à seguinte conclusão:
O falar línguas na Igreja de Corinto era um afastamento do dom recebido pelos 120 cristãos no Pentecostes.”
“Pelo relato de Paulo sabemos que algumas poucas palavras compreensivas tinham muito mais valor do que centenas em uma língua desconhecida. "Dou graças ao meu Deus, porque falo mais línguas do que vós todos. Todavia eu antes quero falar na igreja cinco palavras na minha própria inteligência, para que possa instruir os outros, do que dez mil palavras em língua desconhecida." (I Cor. 14:18 e 19). Em outros escritos paulinos, referentes aos dons do Espírito, não há nenhuma referência ao tão decantado dom de línguas. Ver Romanos 12 e Efésios 4.”
“"Após enumerar uma lista de características que devem ser notadas na descrição paulina de I Cor. 14, acrescenta:
"Esta lista de características do dom torna claro que o apóstolo não está tratando de um dom falsificado. Ele enumerou "línguas" entre os genuínos dons do Espírito (cap. 12:8-10), e em nenhuma parte sugere que a manifestação descrita no cap. 14 não é de Deus. Pelo contrário, louva-a (cap. 14: 4, 17), alega que ele falava em línguas mais do que os Coríntios (v. 18), desejava que todos possuíssem o dom, e recomenda os crentes a não proibirem o seu exercício (v. 39). Seu objetivo através da discussão é mostrar o seu devido lugar e função e advertir contra o seu abuso."”
“Outras partes desta Nota Adicional que merecem destaque são estas:
"Seja qual for a opinião adotada, uma coisa é certa, que a manifestação do dom no Pentecostes e os propósitos para os quais ele foi dado (Atos 2) diferiam em muitos aspectos do dom manifestado em Corinto. O “dom” em Corinto servia para edificar o orador, não os outros (I Cor. 14:4). Paulo não encorajou seu uso em público a não ser que um intérprete estivesse presente (versos 19, 28)."”
“"Por causa de certas obscuridades em relação à maneira precisa pela qual o dom se manifestou antigamente, Satanás tem achado fácil falsificar o dom. Exclamações incoerentes eram bem conhecidas e largamente encontradas dentro do culto pagão. Também em tempos posteriores, sob o disfarce de cristianismo, várias manifestações das chamadas línguas têm aparecido de tempos em tempos. Contudo, quando estas manifestações são comparadas com especificações escriturísticas do dom de línguas, elas são achadas ser algo muito em desacordo com o dom antigamente comunicado pelo Espírito. Essas manifestações portanto devem ser rejeitadas como espúrias. Entretanto, a presença do dom falsificado não nos deve levar a tratar levianamente o dom genuíno. A manifestação correta do dom a que Paulo se refere em I Cor. 14 realizou uma função proveitosa. É verdade que dela abusaram, mas Paulo tentou corrigir os abusos e indicar a operação do dom em seu devido lugar e função."” (Pedro Apolinário - Explicações de textos difíceis da Bíblia pág. 321).
Diante das analises feitas neste capítulo chega-se a seguinte conclusão: a manifestação através de línguas não fazia parte dos dons espirituais experimentados pelos discípulos e pela igreja em outras situações. Eram línguas verdadeiras sim, mas usadas de forma errada. Atitudes que não deve ser repetida pela igreja de Deus.

O DOM DE LÍNGUAS NA ATUALIDADE

O professor Gonzalez faz uso de uma citação de uma famosa revista chamada atalaia que nos ajuda a compreender o assunto:
 “Reid Simonns (nome alterado) parou um momento em seu sermão, para dar tempo a que o intérprete traduzisse suas últimas frases. A multidão de japoneses, reunida naquela esquina de Tóquio para ouvir o que o soldado americano tinha a dizer, subitamente deu demonstração de espanto. Todos mantinham seus olhos fixos no jovem ocidental, sem voltarem ao intérprete. Reid repetiu a sentença e esperou novamente pela tradução. Foi quando alguém declarou: ‘O senhor não precisa de tradutor. Está falando japonês!’” – Atalaia, 3/76, pág. 4.
“Sim, irmão, era o que realmente acontecia. Ali estava um jovem que, embora tivesse grande paixão pelos pecadores, ao ponto de deixar sua pátria e atravessar os mares em busca dos pagãos, nunca falou japonês em sua vida, mas pregava agora nesta língua, apelando aos nipônicos para aceitarem a Cristo como Salvador. Nessa reunião, seis preciosas almas aceitaram a Cristo.
Ó, amados, eis aqui o verdadeiro dom de línguas. Este sim, é o dom de Deus; o dom derramado no Pentecostes. Saiba, irmão, hoje, se esgotados todos os meios que temos para falar outras línguas, se fechadas todas as Sociedades Bíblicas ao redor do mundo, impossibilitando-as de traduzir para a língua materna; se fechadas todas as Universidades, Colégios e Escolas, onde se preparam missionários para aprender línguas estrangeiras, Deus voltará a repetir o Pentecostes, e a última alma será advertida do breve regresso do Senhor Jesus, a quem sejam dadas agora e para todo sempre, honras e glórias” (Lourenço Gonzalez - Assim diz o Senhor pág. 187).

QUAL A EXPLICAÇÃO PARA ESSES FENÔMENOS EXPERIMENTADOS PELAS IGREJAS MODERNAS?

Faço minhas as palavras do saudoso professor Apolinário quando diz:
“Dentre as múltiplas explicações existentes estas se destacam por sua preeminência:
1ª) Ação diabólica.
Sabemos que antes do verdadeiro derramamento do espírito, Satanás irá introduzi r uma contrafação.
"Nas igrejas que puder colocar sob seu poder sedutor, fará parecer que a bênção especial de Deus foi derramada; manifestar-se-á o que será considerado como grande interesse religioso. Multidões exultarão de que Deus esteja operando maravilhosamente por elas, quando a obra é de outro espírito." – O Grande Conflito, pág. 464.
2ª) Fraude.
Os estudiosos destes movimentos afirmam ser comuns o engano, a simulação na prática deste dom, bem como com os dons de curar, profetizar e outros. Há muitos que fingem estar falando uma língua estranha quando na realidade existe apenas exibicionismo.
3ª) Hipnose.
Esta é a explicação mais comum, do ponto de vista psiquiátrico e psicológico, para a maioria dos casos de pessoas que falam "línguas".
4ª) Catarse psíquica.
Ira Jay Martim explica o fenômeno das línguas como uma catarse psíquica.
Para esta classe, quando a pessoa aceita a Cristo, ela tem paz, confiança em Deus, fica livre do pecado, enfim seria uma purificação ou catarse. Este estado produz em muitos grande prazer, expressando estes sentimentos por cânticos, testemunhos e falar 1ínguas.
5ª) Orgulho espiritual.
Considerado como o clímax da experiência espiritual o fenômeno de línguas, quando obtido facilmente, produz a exaltação própria. Este falar línguas leva a pessoa a se orgulhar.
Gromacki, na obra já citada, no capítulo "A Natureza do Movimento Moderno de Glossolalia", estudando as fontes que podem determinar a experiência glossolálica moderna, cita estas: divina, satânica, psicológica e artificial.” (Pedro Apolinário – Explicação de textos difíceis da Bíblia, pág. 335).
CONCLUSÃO

“Na realidade aprendemos, que a verdadeira natureza da glossolalia bíblica consistia de línguas estrangeiras faladas por crentes, que nunca as haviam aprendido e que este dom era controlado pelo Espírito Santo.
A glossolalia moderna em sons desconhecidos não tem nenhuma base nas Escrituras Sagradas.
Os estudiosos da moderna glossolalia crêem que estes fenômenos muitas vezes são explicados pela psicologia e como o resultado da contrafação diabólica do verdadeiro dom escriturístico.
Uma análise das passagens bíblicas onde houve tais manifestações nos fornece a orientação segura para a glossolalia.
Esta pode ser assim sintetizada:
1ª) O objetivo deste dom nos dias apostólicos era evangelístico e não para servir de sinal ou confirmação dos crentes.
2ª) Pelo estudo feito o dom relatado em Atos 2 referia-se a uma língua existente, que a pessoa passava a falar com fluência pelo poder do Espírito Santo.
3ª) Não há nenhum indício de que fosse uma língua ininteligível e extática.
4ª) A finalidade principal deste dom era a edificação dos crentes e o desenvolvi mento da causa de Deus.
Objetivávamos com o presente trabalho clarificar um pouco mais este tema, ajudando a sanar dúvidas em assunto tão controvertido. Esperamos que se este objetivo não foi totalmente atingido, ao menos ele o tenha sido em parte.

Referências
1. GONZALEZ, Lourenço. Assim diz o Senhor. ADOS, Rio de Janeiro, RJ, 2010.
2. APOLINÁRIO, Pedro. Explicação de textos difíceis da Bíblia. Editora Universitária Adventista, Santo Amaro, SP, 1990.








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