DEFININDO OS DONS E TALENTOS
De acordo com o dicionário de língua portuguesa, dom é uma
qualidade que trazemos desde o ventre materno. Existe até um provérbio popular
que reza: “O poeta nasce, mas o orador se faz.” Isto nos leva a entender que
não existe o dom da oratória, pois ela se aprende. A essa habilidade a Bíblia
chama de talento. (Mateus 25:15). É claro que existem situações em que a
habilidade e o dom se combinam.
Mas ao se tratar de coisas espirituais, existem os dons
natos que podem ser transformados em ministérios, e existem aqueles que são
concedidos exclusivamente pelo Espírito Santo, que também devem ser
transformados em ministérios. Os dons concedidos pelo Espírito Santo são
chamados de dons espirituais.
Para Deus tanto o dom quanto a habilidade tem valor algum se
não for transformados em ministérios.
Um dom ou talento (habilidades) são transformados em
ministérios no momento que o seu possuidor o coloca exclusivamente a disposição
da obra de Deus.
Não há dúvidas de que existem dons de mais aplicação que
outros, mas isso não os tornam inferiores ou superiores a outros dons e nem aos
possuidores desses também.
Comparando o dom de línguas com o dom de profetizar, o
apóstolo Paulo considera o de profetizar superior, ou seja, de maior aplicação
ao de línguas e aconselha que se dê preferência a esse dom. diz ele: “Segui o
amor e procurai, com zelo, os dons espirituais, mas principalmente que profetizeis. Pois quem fala em outra língua
não fala a homens, senão a Deus, visto que ninguém o entende, e em espírito
fala mistérios” (I Coríntios 14:1, 2).
É importante entender que os dons espirituais não são
concedidos para satisfação de nossos gostos ou caprichos. Não somos nós que os
escolhemos, mas Deus quem nos concede como melhor lhe prouver. “Mas um só e o
mesmo Espírito realiza todas estas coisas, distribuindo-as,
como lhe apraz, a cada um, individualmente” (I Coríntios 12:11).
Importa saber que nem todos têm o mesmo dom, isso inclui o
dom de falar em línguas. Vejamos o que diz a Bíblia a esse respeito: “Porventura,
são todos apóstolos? Ou, todos profetas? São todos mestres? Ou, operadores de
milagres? Têm todos dons de curar? Falam
todos em outras línguas? Interpretam-nas todos? Entretanto, procurai, com
zelo, os melhores dons. E eu passo a mostrar-vos ainda um caminho sobremodo
excelente” (I Coríntios 12: 29 - 31). O texto mostra que nem todos os que foram
batizados com o Espírito Santo no pentecostes receberam o mesmo dom, isso inclui
o dom de línguas. Mas há uma única exceção, que é para o dom supremo (amor),
sem o qual ninguém será salvo.
Com respeito aos dons, inclusive o de línguas, eles são
concedidos visando a um fim proveitoso. Diz o apóstolo: “A manifestação do
Espírito é concedida a cada um visando a
um fim proveitoso. Porque a um é dada, mediante o Espírito, a palavra da
sabedoria; e a outro, segundo o mesmo Espírito, a palavra do conhecimento; a
outro, no mesmo Espírito, a fé; e a outro, no mesmo Espírito, dons de curar; a
outro, operações de milagres; a outro, profecia; a outro, discernimento de
espíritos; a um, variedade de línguas; e
a outro, capacidade para interpretá-las. Mas um só e o mesmo Espírito
realiza todas estas coisas, distribuindo-as, como lhe apraz, a cada um,
individualmente” (I Coríntios 12:7-11).
Como pode-se observar, Deus através de seu Espírito concede
variados dons, mas todos tem utilidade.
O TIPO DE LÍNGUAS FALADAS NO PENTECOSTES
Vejamos o que diz a palavra de Deus: “Todos ficaram cheios
do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas, segundo o
Espírito lhes concedia que falassem. Ora, estavam
habitando em Jerusalém judeus,
homens piedosos, vindos de todas as nações debaixo do céu. Quando, pois, se
fez ouvir aquela voz, afluiu a multidão, que se possuiu de perplexidade,
porquanto cada um os ouvia falar na sua
própria língua. Estavam, pois, atônitos e se admiravam, dizendo: Vede! Não
são, porventura, galileus todos esses que aí estão falando? E como os ouvimos falar, cada um em nossa
própria língua materna?” (Atos 2:4-8).
Observe no começo do texto quando o escritor afirma que, os
discípulos falaram em outras línguas e não em línguas estranhas. Significa que
não falaram em apenas uma língua, mas em várias. Essas línguas, como diz o
autor de Atos, eram línguas maternas e sendo maternas, eram entendidas por
pessoas de outras nacionalidades.
Quero fazer minhas as palavras do meu amigo escritor
Lourenço Gonzalez ao comentar o assunto:
“Graças a Deus, foi resolvido o
problema; os discípulos falaram OUTRAS
LÍNGUAS, não línguas estranhas. Falaram a língua dos cretenses, árabes,
romanos, egípcios, líbios, enfim, os idiomas daqueles que foram a Jerusalém,
procedentes de todas as nações da Terra. Se lá estivessem brasileiros,
certamente o Espírito Santo concederia o dom de se falar o português.
A preocupação de Lucas ao fazer
lista tão extensa dos países (16) presentes em Jerusalém, deixa antever
claramente tratar-se de idiomas existentes, isto é, línguas estrangeiras.
Quero que você entenda, meu
irmão, que o termo “língua estranha” é estranho aos propósitos de Deus, porque,
na verdade, os discípulos falaram línguas que não eram estranhas (esquisitas);
eram línguas desconhecidas para eles, porém, existiam, e passaram, pelo poder
de Deus, agora, a falá-las fluentemente. Reafirmo-lhe: Eram as línguas dos
estrangeiros que afluíam para Jerusalém a fim de participar da festa de
Pentecostes, e estes mesmos se maravilharam de que aqueles discípulos, embora
indoutos, falassem em suas próprias línguas, das grandezas de Deus (Atos 2:
11). Que grande bênção Deus conferiu aos discípulos, capacitando-os a cumprir o
IDE.
Quando aqueles forasteiros
voltaram para suas nações, cada um levou, maravilhado, a mensagem do Jesus que
salva e liberta do pecado; e então foram mensageiros aos seus conterrâneos,
dando testemunho vivo a favor do evangelho de Cristo. Aleluia! Glória a Deus!”(Lourenço
Gonzalez - Assim diz o Senhor pág. 186,187).
O dom de línguas não ficou
limitado a aquela circunstancia, pois em outros momentos outras pessoas devido
à necessidade, receberam o mesmo dom que os discípulos no pentecostes.
Aconteceu em Cesareia, na casa de Cornélio. “Ainda Pedro falava estas coisas
quando caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra. E os fiéis
que eram da circuncisão, que vieram com Pedro, admiraram-se, porque também
sobre os gentios foi derramado o dom do Espírito Santo; pois os ouviam falando
em línguas e engrandecendo a Deus. Então, perguntou Pedro: Porventura, pode
alguém recusar a água, para que não sejam batizados estes que, assim como nós, receberam o Espírito Santo?
E ordenou que fossem batizados em nome de Jesus Cristo. Então, lhe pediram que
permanecesse com eles por alguns dias” (Atos 10:44 - 48). A família de Cornélio
recebeu o Espírito Santo assim como os discípulos no pentecostes. Ao receber o
dom de variedades de línguas, eles falaram em línguas de homens assim como os
apóstolos.
Como se pode observar, a família de Cornélio
recebeu o Espírito Santo antes de batismo nas águas, e a eles foi concedido
também o dom de falar em outras línguas, ou seja, nas línguas das nações
vizinhas. O que facilitaria a pregação do evangelho por ali pelos arredores.
Há algo muito importante que
deve ser mencionado. Sabe-se que aqueles irmãos receberam o Espírito Santo, mas
não há como provar que eles foram batizados com o Mesmo. Fique entendido que
para receber qualquer dom espiritual não se faz necessário ser batizado com o
Espírito Santo. Basta ter recebido o Dom do Espírito, ou seja, a bênção desse
Poder.
Mesmo que os fieis da
circuncisão tenha falado que os gentios tenham recebido o Espírito assim como
eles, não significa que foi na mesma intensidade.
Outra situação conhecida em que
se repetiu o dom de línguas foi em Éfeso. Como está escrito: “Aconteceu que,
estando Apolo em Corinto, Paulo, tendo passado pelas regiões mais altas, chegou
a Éfeso e, achando ali alguns discípulos, perguntou-lhes: Recebestes,
porventura, o Espírito Santo quando crestes? Ao que lhe responderam: Pelo
contrário, nem mesmo ouvimos que existe o Espírito Santo. Então, Paulo
perguntou: Em que, pois, fostes batizados? Responderam: No batismo de João. Disse-lhes
Paulo: João realizou batismo de arrependimento, dizendo ao povo que cresse
naquele que vinha depois dele, a saber, em Jesus. Eles, tendo ouvido isto,
foram batizados em o nome do Senhor Jesus. E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio
sobre eles o Espírito Santo; e tanto falavam em línguas como profetizavam”
(Atos 19:1-6). Apolo e os demais que receberam o Espírito Santo eram
pregadores. Nessa experiência eles receberam dois dons: o de profecia e o de
línguas. Agora eles estavam uma vez por todas, prontos para disseminar a
palavra entre os gentios que possuíam uma variedade de idiomas e dialetos.
Entenda que no pentecostes,
Cesareia e Éfeso, os que receberam o dom de línguas falaram línguas de homens,
não línguas intangíveis ou de anjos como muitos podem pensar.
Tudo isso foi cumprimento de
uma profecia de Jesus quando disse: “Estes sinais hão de acompanhar aqueles que
crêem: em meu nome, expelirão demônios; falarão novas línguas;..” (Marcos
16:17). Falarão novas línguas, mas não línguas desconhecidas pela humanidade.
“O adjetivo "novas"
não quer dizer línguas inexistentes, como defendem alguns, mas línguas
estrangeiras que eles falariam sem as terem aprendido.
É interessante saber que há em
grego duas palavras para novo – néos e kainós. Néos é novo
no sentido de tempo, recente e kainós é novo na forma ou qualidade.
Cristo aqui usou kainós porque se referia ao novo não
usado. [Ver Novo em Grego e Novo em
Português, p. 286]
Roberto Gromacki no livro “Movimento
Moderno de Línguas”, página 72
afirma: "Se o falar línguas tivesse envolvido línguas desconhecidas nunca
antes faladas, então Cristo teria usado néos (novo em referência ao
tempo). Mas, visto que ele empregou kainós, tem que se referir a línguas
estrangeiras, que eram novas àquele que as falasse, porém, que já existiam
antes".
Eram idiomas novos para aqueles
que os falariam. A denominação de novas indicava o contraste com as línguas por
eles faladas” (Pedro Apolinário – Textos difíceis de interpretação pág. 321). As
novas línguas mencionadas por Marcos foram às línguas faladas pelos discípulos
e outros que por necessidade também receberam o dom.
PESSOAS
QUE RECEBERAM O ESPÍRITO SANTO, MAS NÃO FALARAM EM LÍNGUAS
Na Igreja Apostólica há muitas
evidências da manifestação do Espírito Santo na vida e na obra dos crentes sem
o aparecimento do dom de 1ínguas.
Os seguintes exemplos são
concludentes:
1º) Os sete diáconos foram homens cheios do
Espírito Santo, mas não há nenhuma menção de que tivessem falado línguas.
2º) Os samaritanos ao crerem na Palavra de Deus
receberam o Espírito Santo, porém, não foram agraciados com o dom de línguas.
3°)
João Batista pregou com poder, mas não falou em línguas. “Pois ele será grande
diante do Senhor, não beberá vinho nem bebida forte e será cheio do Espírito
Santo, já do ventre materno” (Lucas 1:15).
4°) Maria cumpriu um propósito especial e
cantou, mas não falou em línguas. “Respondeu-lhe o anjo: Descerá sobre ti o
Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso,
também o ente santo que há de nascer será chamado Filho de Deus” (Lucas 1:35).
5º) Isabel recebeu uma revelação divina, mas não
falou em línguas. “Ouvindo esta a saudação de Maria, a criança lhe estremeceu
no ventre; então, Isabel ficou possuída do Espírito Santo” (Lucas 1;41).
6º) Zacarias quando ficou cheio do Espírito
Santo, profetizou, mas não falou em línguas, pois não houve necessidade. “Zacarias,
seu pai, cheio do Espírito Santo, profetizou, dizendo: Bendito seja o Senhor,
Deus de Israel, porque visitou e redimiu o seu povo, ..” (Lucas 1:67,68).
7°)
Simeão pelo Espírito Santo recebeu uma revelação, sem falar em línguas. “Havia
em Jerusalém um homem chamado Simeão; homem este justo e piedoso que esperava a
consolação de Israel; e o Espírito Santo estava sobre ele. Revelara-lhe o
Espírito Santo que não passaria pela morte antes de ver o Cristo do Senhor”.
(Lucas 2:25, 26).
O DOM
DE LÍNGUAS NA IGREJA DE CORINTO
Nos capítulos 12 e 14 de I
Coríntios encontramos uma situação que tem deixado muitos crentes fieis sem uma
compreensão real dos dons espirituais, principalmente o dom de línguas.
Em primeiro lugar devemos
observar que a igreja de Corinto era a igreja problema número um nos dias de
Paulo. Vejamos algumas situações:
1º) No capítulo três o apóstolo
os adverte com respeito as dissensões entre irmãos.
2º No capítulo cinco o apóstolo
repreende a imoralidade que existia na tal igreja.
3º) No capítulo seis ele
censura as brigas entre irmãos.
4º) Ainda no capítulo seis
Paulo a sensualidade vivida na igreja.
5º) No capítulo sete o servo de
Deus dá advertência com respeito a forma como eles encaravam o casamento.
6º) No capítulo oito Paulo faz
advertências referente as carnes sacrificadas aos ídolos.
7º) No capítulo dez Paulo
adverte com respeito a idolatria.
8º) Nos capítulos doze a
quatorze ele adverte com respeito ao “dom de línguas”.
Corinto era uma igreja pequena.
Dizem os eruditos que ela deveria ter aproximadamente cinqüenta membros. Agora
imaginem uma igreja daquele tamanho com a gama de problemas que acabamos de
mencionar. Será que aquela igreja naquele momento estava sendo usada pelo
Espírito Santo? Creio que não.
O apóstolo Paulo em certo
momento dá a entender que ele não sabia o que realmente estava acontecendo na
igreja de Corinto. Mas pelas palavras dele dá para perceber que existia uma
deturpação do dom divino (dom de línguas).
Como se tratava de uma cidade
portuária e comercial, aonde pessoas de várias nacionalidades iam para lá. Era
comum encontrar nas ruas pessoas que falassem línguas diferentes das nativas da
cidade. Pelo que se pode ver entre linhas; que os crentes poliglotas procuravam
na igreja imitar o dom divino falando em outras línguas. Eles falavam em outras
línguas sem a menor necessidade.
Por causa disso o apóstolo os
advertiu a falar somente quando houvesse quem interpretasse. Ele não condenou o
uso de línguas, mas advertiu que só fosse usada de forma ordenada e quando
houvesse interprete. A esse respeito disse ele: “No caso de alguém falar em
outra língua, que não sejam mais do que dois ou quando muito três, e isto sucessivamente, e haja quem
interprete” (I Coríntios 14: 27).
Ele também disse que falar em uma língua intangível seria de
nenhum valor. “Assim, vós, se, com a língua, não disserdes palavra
compreensível, como se entenderá o que dizeis? Porque estareis como se falásseis ao ar” (I Coríntios 14:9).
Observe que em momento algum se
refere a uma língua diferente à das línguas falada pelos homens. Ao contrário
ele sempre se refere a outras línguas, ou seja, línguas faladas por outras
pessoas.
Paulo diz que, quem fala outra língua sem que haja quem
interprete, fala mistérios, pois só ele e Deus entendem. “Pois quem fala em
outra língua não fala a homens, senão a Deus, visto que ninguém o entende, e em
espírito fala mistérios” (I coríntios 14:2).
Ele também disse que falava em
línguas assim como eles e dava graças a Deus por isso, mas preferia falar de
uma forma que pudesse edificar que ouvisse. “Dou graças a Deus, porque falo em
outras línguas mais do que todos vós. Contudo, prefiro falar na igreja cinco
palavras com o meu entendimento, para instruir outros, a falar dez mil palavras
em outra língua” (I Coríntios 14:18,19).
Mas Paulo afirma que os crentes
não estavam falando em línguas porque tivesse o dom, mas simplesmente porque
queriam o mesmo. Ele elogia a iniciativa dos crente, mas adverte a procurar adquirir
o dom da forma correta, ou seja, para a edificação espiritual. “Assim, também
vós, visto que desejais dons espirituais, procurai
progredir, para a edificação da igreja” (I Coríntios 14:12).
Ele também critica a maneira como as línguas
estavam sendo usada e se preocupa com os resultados que poderiam trazer aos
visitantes. “Se, pois, toda a igreja se reunir no mesmo lugar, e todos se
puserem a falar em outras línguas, no caso de entrarem indoutos ou incrédulos,
não dirão, porventura, que estais loucos?” (I Coríntios 14:23).
“Nestes capítulos não há o
relato descritivo do dom de línguas. O pastor batista João F. Soren, no artigo
"O Dom de Línguas à Luz do Novo Testamento" declara enfaticamente:
"Não há evidência segura de que tenha havido em Corinto, à luz da
exposição do Apóstolo Paulo em 1 Cor. 12, 14, a manifestação do dom carismático
de línguas, ou seja a capacitação concedida pelo Espírito Santo para que os
crentes ali falassem idiomas que nunca estudaram ou aprenderam normalmente, à
maneira do que se verificou no dia de Pentecostes. . . “
“"Os coríntios competiam
em torneios poliglóticos na igreja, falando publicamente em idiomas
estrangeiros ou então tartamudeando em êxtase nervosa, para impressionar os
ouvintes. Não tinham eles o dom carismático de línguas. Isso era algo muito
diferente do que ocorrera no Pentecostes. Ao invés de darem um sinal
convincente do poder do evangelho para a salvação de todo aquele que crê, o
sinal que davam eles para os incrédulos era outro. A confusão, a balbúrdia era tal
que, para os incrédulos, a casa de Deus mais dava a impressão de ser uma casa
de dementes. I Cor. 14:23."”
“Estudiosos competentes das
Escrituras têm chegado à seguinte conclusão:
O falar línguas na Igreja de
Corinto era um afastamento do dom recebido pelos 120 cristãos no
Pentecostes.”
“Pelo relato de Paulo sabemos
que algumas poucas palavras compreensivas tinham muito mais valor do que
centenas em uma língua desconhecida. "Dou graças ao meu Deus, porque falo
mais línguas do que vós todos. Todavia eu antes quero falar na igreja cinco
palavras na minha própria inteligência, para que possa instruir os outros, do
que dez mil palavras em língua desconhecida." (I Cor. 14:18 e 19). Em
outros escritos paulinos, referentes aos dons do Espírito, não há nenhuma referência
ao tão decantado dom de línguas. Ver Romanos 12 e Efésios 4.”
“"Após enumerar uma lista
de características que devem ser notadas na descrição paulina de I Cor. 14,
acrescenta:
"Esta lista de
características do dom torna claro que o apóstolo não está tratando de um dom
falsificado. Ele enumerou "línguas" entre os genuínos dons do
Espírito (cap. 12:8-10), e em nenhuma parte sugere que a manifestação descrita
no cap. 14 não é de Deus. Pelo contrário, louva-a (cap. 14: 4, 17), alega que ele
falava em línguas mais do que os Coríntios (v. 18), desejava que todos
possuíssem o dom, e recomenda os crentes a não proibirem o seu exercício (v.
39). Seu objetivo através da discussão é mostrar o seu devido lugar e função e
advertir contra o seu abuso."”
“Outras partes desta Nota
Adicional que merecem destaque são estas:
"Seja qual for a opinião
adotada, uma coisa é certa, que a manifestação do dom no Pentecostes e os
propósitos para os quais ele foi dado (Atos 2) diferiam em muitos aspectos do
dom manifestado em Corinto. O “dom” em Corinto servia para edificar o orador,
não os outros (I Cor. 14:4). Paulo não encorajou seu uso em público a não ser
que um intérprete estivesse presente (versos 19, 28)."”
“"Por causa de certas
obscuridades em relação à maneira precisa pela qual o dom se manifestou
antigamente, Satanás tem achado fácil falsificar o dom. Exclamações incoerentes
eram bem conhecidas e largamente encontradas dentro do culto pagão. Também em
tempos posteriores, sob o disfarce de cristianismo, várias manifestações das
chamadas línguas têm aparecido de tempos em tempos. Contudo, quando estas
manifestações são comparadas com especificações escriturísticas do dom de
línguas, elas são achadas ser algo muito em desacordo com o dom antigamente
comunicado pelo Espírito. Essas manifestações portanto devem ser rejeitadas
como espúrias. Entretanto, a presença do dom falsificado não nos deve levar a
tratar levianamente o dom genuíno. A manifestação correta do dom a que Paulo se
refere em I Cor. 14 realizou uma função proveitosa. É verdade que dela
abusaram, mas Paulo tentou corrigir os abusos e indicar a operação do dom em
seu devido lugar e função."” (Pedro Apolinário - Explicações de textos
difíceis da Bíblia pág. 321).
Diante das analises feitas
neste capítulo chega-se a seguinte conclusão: a manifestação através de línguas
não fazia parte dos dons espirituais experimentados pelos discípulos e pela
igreja em outras situações. Eram línguas verdadeiras sim, mas usadas de forma
errada. Atitudes que não deve ser repetida pela igreja de Deus.
O DOM
DE LÍNGUAS NA ATUALIDADE
O professor Gonzalez faz uso de
uma citação de uma famosa revista chamada atalaia que nos ajuda a compreender o
assunto:
“Reid Simonns (nome alterado) parou um momento
em seu sermão, para dar tempo a que o intérprete traduzisse suas últimas
frases. A multidão de japoneses, reunida naquela esquina de Tóquio para ouvir o
que o soldado americano tinha a dizer, subitamente deu demonstração de espanto.
Todos mantinham seus olhos fixos no jovem ocidental, sem voltarem ao
intérprete. Reid repetiu a sentença e esperou novamente pela tradução. Foi
quando alguém declarou: ‘O senhor não
precisa de tradutor. Está falando japonês!’” – Atalaia, 3/76, pág. 4.
“Sim, irmão, era o que
realmente acontecia. Ali estava um jovem que, embora tivesse grande paixão
pelos pecadores, ao ponto de deixar sua pátria e atravessar os mares em busca
dos pagãos, nunca falou japonês em sua vida, mas pregava agora nesta língua, apelando aos nipônicos para
aceitarem a Cristo como Salvador. Nessa reunião, seis preciosas almas aceitaram
a Cristo.
Ó, amados, eis aqui o
verdadeiro dom de línguas. Este sim,
é o dom de Deus; o dom derramado no Pentecostes. Saiba, irmão, hoje, se
esgotados todos os meios que temos para falar outras línguas, se fechadas todas
as Sociedades Bíblicas ao redor do mundo, impossibilitando-as de traduzir para
a língua materna; se fechadas todas as Universidades, Colégios e Escolas, onde
se preparam missionários para aprender línguas estrangeiras, Deus voltará a
repetir o Pentecostes, e a última alma será advertida do breve regresso do
Senhor Jesus, a quem sejam dadas agora e para todo sempre, honras e glórias”
(Lourenço Gonzalez - Assim diz o Senhor pág. 187).
QUAL A
EXPLICAÇÃO PARA ESSES FENÔMENOS EXPERIMENTADOS PELAS IGREJAS MODERNAS?
Faço minhas as palavras do
saudoso professor Apolinário quando diz:
“Dentre as múltiplas
explicações existentes estas se destacam por sua preeminência:
1ª) Ação diabólica.
Sabemos que antes do verdadeiro
derramamento do espírito, Satanás irá introduzi r uma contrafação.
"Nas igrejas que puder
colocar sob seu poder sedutor, fará parecer que a bênção especial de Deus foi
derramada; manifestar-se-á o que será considerado como grande interesse
religioso. Multidões exultarão de que Deus esteja operando maravilhosamente por
elas, quando a obra é de outro espírito." – O Grande Conflito, pág. 464.
2ª)
Fraude.
Os estudiosos destes movimentos
afirmam ser comuns o engano, a simulação na prática deste dom, bem como com os
dons de curar, profetizar e outros. Há muitos que fingem estar falando uma
língua estranha quando na realidade existe apenas exibicionismo.
3ª) Hipnose.
Esta é a explicação mais comum,
do ponto de vista psiquiátrico e psicológico, para a maioria dos casos de
pessoas que falam "línguas".
4ª) Catarse psíquica.
Ira Jay Martim explica o
fenômeno das línguas como uma catarse psíquica.
Para esta classe, quando a
pessoa aceita a Cristo, ela tem paz, confiança em Deus, fica livre do pecado,
enfim seria uma purificação ou catarse. Este estado produz em muitos grande
prazer, expressando estes sentimentos por cânticos, testemunhos e falar
1ínguas.
5ª) Orgulho espiritual.
Considerado como o clímax da
experiência espiritual o fenômeno de línguas, quando obtido facilmente, produz
a exaltação própria. Este falar línguas leva a pessoa a se orgulhar.
Gromacki, na obra já citada, no
capítulo "A Natureza do Movimento Moderno de Glossolalia", estudando
as fontes que podem determinar a experiência glossolálica moderna, cita estas:
divina, satânica, psicológica e artificial.” (Pedro Apolinário – Explicação de
textos difíceis da Bíblia, pág. 335).
CONCLUSÃO
“Na realidade aprendemos, que a
verdadeira natureza da glossolalia bíblica consistia de línguas estrangeiras
faladas por crentes, que nunca as haviam aprendido e que este dom era
controlado pelo Espírito Santo.
A glossolalia moderna em sons
desconhecidos não tem nenhuma base nas Escrituras Sagradas.
Os estudiosos da moderna
glossolalia crêem que estes fenômenos muitas vezes são explicados pela
psicologia e como o resultado da contrafação diabólica do verdadeiro dom
escriturístico.
Uma análise das passagens
bíblicas onde houve tais manifestações nos fornece a orientação segura para a
glossolalia.
Esta pode ser assim
sintetizada:
1ª) O objetivo deste dom nos
dias apostólicos era evangelístico e não para servir de sinal ou confirmação
dos crentes.
2ª) Pelo estudo feito o dom
relatado em Atos 2 referia-se a uma língua existente, que a pessoa passava a
falar com fluência pelo poder do Espírito Santo.
3ª) Não há nenhum indício de
que fosse uma língua ininteligível e extática.
4ª) A finalidade principal deste
dom era a edificação dos crentes e o desenvolvi mento da causa de Deus.
Objetivávamos com o presente
trabalho clarificar um pouco mais este tema, ajudando a sanar dúvidas em
assunto tão controvertido. Esperamos que se este objetivo não foi totalmente
atingido, ao menos ele o tenha sido em parte.
Referências
1. GONZALEZ, Lourenço. Assim diz o Senhor. ADOS, Rio de Janeiro, RJ, 2010.
2. APOLINÁRIO, Pedro. Explicação de textos
difíceis da Bíblia. Editora Universitária Adventista, Santo Amaro, SP, 1990.
Nenhum comentário:
Postar um comentário